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EDUCAR... UAI, SÔ!: quarta-feira, 6 de junho de 2007

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Senado Federal - Comissão de Educação

Especialistas defendem descentralização da gestão educacional

A descentralização da gestão da educação brasileira foi defendida nesta terça-feira (5) em audiência pública promovida pela Comissão de Educação (CE).
- Temo que a centralização, em Brasília, da administração da educação fundamental e média pode ser um encargo pesado demais. A máquina pública é pesada - argumentou, durante a reunião, Carlos Alberto Serpa de Oliveira, presidente da Fundação Cesgranrio e da Academia Brasileira de Educação.
Em entrevista à Agência Senado, Carlos Alberto afirmou que a "Prova Brasil" - avaliação realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia vinculada ao Ministério da Educação - indicou que os municípios cujos alunos apresentaram bom desempenho são, "surpreendentemente, municípios pobres". Segundo ele, as comunidades desses locais foram capazes de gerar "soluções apropriadas" para seus problemas específicos.
Nunca teremos uma solução nacional que sirva para todos os municípios - destacou Carlos Alberto.Mozart Neves Ramos, ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco, foi outro participante do debate que apoiou a descentralização. Ele disse, também em entrevista à Agência Senado, que "é muito difícil um gestor, mesmo o estadual, acompanhar o que ocorre em localidades que estão a 700 ou 800 quilômetros de distância".

Senado Federal - Comissão de Educação

Especialista alerta para "apagão" na formação de professores

O país corre o risco de sofrer um "apagão" na formação de professores, alertou nesta terça-feira (5) o diretor-executivo do movimento Todos pela Educação, Mozart Neves Ramos. Durante audiência pública promovida pela Comissão de Educação (CE), ele informou que já existe hoje, quando apenas 41% dos jovens na idade adequada estão matriculados em instituições de ensino médio, um déficit calculado em 250 mil professores.
- Se o déficit hoje já é grande, imagine-se quando os jovens chegarem na idade correta ao ensino médio, como desejamos. Fala-se muito do apagão de energia, mas o apagão de gente também é muito grave, pois com ele muitos jovens não terão direito a alcançar a sua ascensão social - afirmou Mozart.
Durante a terceira reunião do ciclo de debates sobre Idéias e Propostas para a Educação Brasileira e o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), presidida pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF), os debatedores concordaram com a necessidade de se investir na formação - e na atualização - dos professores, especialmente do ensino básico.
Logo no início do debate, o presidente da Academia Brasileira de Educação, Carlos Alberto Serpa de Oliveira, citou resultados da avaliação de alunos do ensino básico para ressaltar a importância dos professores. Na terceira série do ensino médio, informou, apenas 1% dos alunos obteve rendimento considerado satisfatório em Matemática. E 73% obtiveram resultados abaixo do básico em Português.
- A escola que faz a diferença deve ter professores competentes e motivados, mas está difícil formar esses professores. Existe pouca gente hoje procurando o magistério - lamentou Serpa.
A "grande força" de um processo de educação de qualidade deve ser o professor, concordou o especialista em educação Célio Cunha. Na sua opinião, é necessário tornar o magistério uma carreira mais atrativa. Para isso, observou, será necessário "valorizar o mérito", por meio de iniciativas como a adoção de critérios mais rigorosos de seleção dos professores e a criação - a exemplo do que ocorre na Medicina - de um sistema de residência pedagógica.
Todos os debatedores defenderam o direcionamento de maiores verbas para a educação. Segundo Mozart Ramos, países que deram um grande salto chegaram a investir no setor até 7% de seu Produto Interno Bruto (PIB).
O presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Paulo Rizzo, lembrou ainda que os governos vêm-se esquivando de garantir à educação os percentuais mínimos da arrecadação estabelecidos na Constituição, por meio de medidas como a criação de contribuições - que não entram no cálculo dos percentuais.
- Há poucos dias, perto de minha casa, perguntaram a um jovem por que vendia drogas. Para obter dinheiro, ele respondeu. Com esse dinheiro, ele poderia comprar uma arma. E para que a arma?, quis saber a comerciante que conversou com o rapaz. Ele disse que era para ser respeitado. Nós queremos um país onde o jovem, para ser respeitado, tenha uma educação de qualidade - disse Rizzo.